1986
Nós somos sobreviventes de um desastre... mas eu quero te dizer que... aconteça o que acontecer... quero que você saiba... quero você diga para as mulheres que você conhecer... que lá no fundo... onde eu fui... é só escuro... e lá, na solidão completa, de repente surgem uns peixes luminosos... embriões flutuando à sua volta... os filhos de tua coragem... e você começa a subir de volta... sentindo uma alegria nova... e não é a tal da “purificação pelo sofrimento” não, é ver... ver que há qualquer coisa eterna na tua loucura... que tua loucura é eterna... real... como o vento... o fogo... as árvores que se moviam na minha infância... hoje minha loucura é verdadeira como as coisas... e aí eu comecei a me sentir uma habitante do planeta, eu sou a verdade... e quero que saiba também que quando vejo você caído no chão, fraco feito um trapo... você passa a ser meu herói de novo... engraçado... quanto mais fraco você fica, mais gosto de você... nós dois... destruídos... sem pose... desamparados... aí eu nos quero... aí eu nos amo... eu acho que a gente tem hoje uma dignidade que nunca teve... era isto que eu queria te dizer...te dar... como um presente de amor (...)
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